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Ainda Estou Aqui: O Filme Brasileiro que Brilhou no Oscar 2025

  • Foto do escritor: Wallace Dias
    Wallace Dias
  • 15 de mar.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 20 de abr.

A estreia de Ainda Estou Aqui no Festival de Veneza gerou grande burburinho na internet, com postagens brasileiras e internacionais apontando o novo filme de Walter Salles como um forte candidato às premiações de 2025, incluindo o Oscar. A adaptação do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva não apenas confirmou essa expectativa, mas fez história ao conquistar o prêmio de Melhor Filme Internacional, tornando-se a primeira produção brasileira a vencer na categoria.


Com um drama universal, que mesmo situado no contexto brasileiro ressoa com audiências de qualquer nacionalidade, Ainda Estou Aqui conquistou uma recepção globalmente positiva.

Corte de cena do filme Ainda Estou Aqui.
Corte de cena do filme Ainda Estou Aqui.

A Trama:


No centro da história está Eunice (Fernanda Torres), esposa de Rubens Paiva (Selton Mello), ex-deputado cassado após o golpe de 1964, que é sequestrado pelo regime militar e nunca mais volta para casa. Salles não poupa sutilezas já na cena de abertura, com a protagonista boiando na praia do Leblon enquanto um helicóptero do exército passa em um rasante sobre a areia.


Apesar do pano de fundo político e histórico, o foco da narrativa está na família. Mesmo nos momentos de violência militar, o olhar do diretor se volta para Eunice e seus filhos, explorando como eles lidam com a ausência e o medo crescente em um Rio de Janeiro ocupado por forças autoritárias.


O Que Funciona:


Um dos maiores méritos de Ainda Estou Aqui é sua abordagem intimista da ditadura militar. Salles conduz a história de forma sensível, equilibrando tensão política e drama familiar sem cair em exageros melodramáticos. O roteiro mantém um ritmo dinâmico, alternando entre suspense e momentos emocionais com maestria.


A cinematografia de Adrian Tejido é um espetáculo à parte, utilizando luz e sombra para dividir ambientes e reforçar a sensação de opressão. Além disso, a trilha sonora de Warren Ellis adiciona um tom melancólico e imersivo à narrativa.


Entretanto, a maior joia do filme é a atuação de Fernanda Torres. Sua transição de dona de casa de classe média alta para vítima do regime militar é impressionante. Desde os olhares sutis enquanto acompanha os “trabalhos” de Rubens até a dor visceral de sua prisão e a volta para casa sem o marido, cada cena é carregada de emoção. O filme ainda reserva uma surpresa ao público, colocando Torres em uma situação visual que remete a Central do Brasil, estrelado por sua mãe, Fernanda Montenegro, que faz uma pequena e emocionante participação como Eunice nos anos 2000.



O Que Não Funciona:


Ainda que seja um filme visualmente impecável e com atuações extraordinárias, Ainda Estou Aqui pode parecer, em alguns momentos, um pouco contido em sua abordagem política. Para alguns espectadores, a escolha de Salles de manter o foco no drama familiar pode parecer um afastamento de uma abordagem mais incisiva sobre os crimes da ditadura.


Além disso, o ritmo pode ser considerado lento por aqueles que esperam uma narrativa mais convencional e linear. A escolha de inserir trechos em Super 8, embora estilisticamente impactante, pode dividir opiniões sobre sua necessidade na trama.


Comparações com Outros Filmes do Gênero:


No cenário do cinema brasileiro, Ainda Estou Aqui se destaca por sua abordagem refinada e sensível da ditadura militar, lembrando produções como O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias e Pra Frente, Brasil. No entanto, ao contrário dessas obras, que enfatizam a repressão de forma mais direta, o filme de Walter Salles investe mais na perspectiva pessoal e emocional da protagonista.


A escolha do diretor de mostrar a opressão através do impacto na família, e não diretamente pelas ações do regime, cria um efeito poderoso e distinto dentro do gênero.


Conclusão:


Ainda Estou Aqui marca o retorno de Walter Salles ao cinema brasileiro após mais de 15 anos com uma obra sensível e relevante. Com uma narrativa que equilibra intimidade e contexto histórico, atuações memoráveis e uma fotografia marcante, o filme tem todos os elementos para ser um dos grandes destaques da temporada de premiações.


Em tempos em que certos discursos tentam reescrever a história, Ainda Estou Aqui surge como um lembrete necessário do impacto humano e familiar de um dos períodos mais sombrios do Brasil.


 E você, o que achou da proposta de Ainda Estou Aqui? Compartilhe sua opinião nos comentários!


Trailer do Filme Ainda Estou Aqui:



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